Eventos de interação nos rituais Krahô (Jê): contribuições para o ensino bilíngue na aldeia Manoel Alves Pequeno (Araújo 2015)

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Autor:	Araújo, Marcilene de Assis Alves
Data:	2015
Título:	Eventos de interação nos rituais Krahô (Jê): contribuições para o ensino bilíngue na aldeia Manoel Alves Pequeno
Detalhes:	Orientação: Francisco Edviges Albuquerque Doutorado, Universidade Federal do Tocantins (Araguaína)

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Araujo_2015_Eventos_de interacao_nos_rituais_Kraho.pdf	PDF document	7.92 MB	Info

Nossa pesquisa propõe uma discussão de base intercultural a partir dos rituais Krahô, considerando as ações situadas em seus vários domínios sociais, evidenciando quando, onde, como e por que são usados na transmissão de conhecimentos tradicionais desse povo. Nosso objetivo central primou pela organização de um material de uso bilíngue, construído por meio da interação desta pesquisa durante mais de dois anos, com os indígenas Krahô da Aldeia Manoel Alves Pequeno. Nesse período de convivência com esse povo evidenciamos que os indígenas mais velhos assumem um papel fundamental na difusão, manutenção e preservação dos aspectos socioculturais, históricos e linguísticos deles. Com base nessa premissa, partimos para uma investigação pautada nas seguintes questões norteadoras: como a escola 19 de Abril se apropria dos rituais indígenas para o processo de manutenção da língua e da cultura desse povo? Os mais velhos exercem função na educação escolar indígena? Em que aspectos os mais velhos contribuem para a transmissão dos conhecimentos tradicionais às gerações mais novas frequentadoras da escola? Desse modo, o eixo básico desse trabalho está em propor por meio dos rituais Krahô, uma contribuição para a educação escolar indígena, objetivando a transmissão do conhecimento socialmente adquirido. Por conseguinte, para nortear nossa pesquisa, optamos pelo modelo teórico-metodológico da Sociolinguística Interacional, orientando-nos em Gumperz (1988 e 2002), Goffman (2012), Bortoni-Ricardo (2003, 2005, 2011 e 2014), entre outros, considerando a pesquisa interpretativista qualitativa, sendo que, para a geração dos dados, utilizamos a observação participante e as conversas espontâneas dirigidas aos indígenas com mais de quarenta anos de idade e toda a equipe escolar, dando à pesquisa de campo uma perspectiva etonográfica e etnometodológica. No decorrer dos trabalhos de ordem teórica e de campo, buscamos nos manter no mundo social da comunidade Krahô, integrando-nos nesse ambiente a fim de conferir inteligibilidade às práticas discursivas das ações situadas, manifestadas nos rituais, em seus aspectos linguísticos, discursivos, sociais e interativos, não nos limitando apenas ao dito pelos auxiliares de pesquisa e demais participantes, mas em todo o processo interativo articulado a uma grande teia de significações expressas pelas várias formas de linguagem: oral, gestual, corporal bem como do ethos da interlocução, além do contexto no qual ela é realizada. Por tudo isso, as interpretações, realizadas com base, principalmente, em Hymes (1972), Coulon (2005), Gennep (2011), Melatti (1978), Peirano (2002 e 2003), Turner (2013) e Vilhena (2005) revelaram que o ritual Krahô é uma prática discursiva que possibilita constituições sociais de diversas ordens, por meio dos tipos de negociações complexas, em que entra em ação, entre outros elementos, o trabalho de face e a coconstrução das identidades dos envolvidos. Com essa pesquisa, esperamos contribuir para os estudos linguísticos, culturais e educacionais indígenas, especialmente para a comunidade Krahô da aldeia Manuel Alves Pequeno e sua escola, posto que procuramos colaborar na construção de atividades que atendam aos preceitos da educação indígena brasileira e deste povo. Essa pesquisa, também, vincula-se ao Programa Observatório da Educação OBEDUC/Capes/Inep/UFT, o qual me proporcionou uma bolsa de estudos, durante todo o período de curso do doutoramento, por meio do projeto "A Educação Escolar Indígena Krahô Bilíngue e Intercultural".

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