Demografia Juruna: questões de identidade e vitalidade lingüística (Fargetti 2009)

Cristina Martins Fargetti
(UNESP/FCLAr)

Serão apresentadas questões lingüísticas observadas quando da realização do censo demográfico do povo juruna, em julho de 2008. Tal povo vive no Parque Indígena Xingu, Mato Grosso, Parque Indígena Xingu, MT, em sete aldeias, próximas à BR-80, na região do Baixo Xingu (Tubatuba, Matxiri, Pequizal, Paqsamba, Pakayá, Pakajá, Mupadá) e em dois postos indígenas na mesma região (Posto Diauarum e Posto Piaraçu). A população juruna era estimada em 241 pessoas em 2001, mas hoje, após o último censo, observa-se aumento significativo, devido a inúmeros nascimentos e baixa taxa de mortalidade. Utilizamos o termo “juruna” para denominar tanto o povo quanto a língua (família juruna, tronco tupi) por ele falada, mesmo sabendo que existe uma autodenominação: yudjá. As informações que apresentaremos são relativas às pessoas consideradas pertencentes à etnia juruna, habitantes do Parque Indígena Xingu. Não foram computados os dados, obviamente, dos juruna que habitam o Pará. Os critérios para identificação de quem é considerado membro da etnia foram dados pelos próprios juruna, e serão discutidos. O censo demográfico seguiu a metodologia da abordagem por casa e traz questões sobre a situação lingüística futura do povo, as quais serão abordadas. Segundo dados de Adalbert da Prússia, a população juruna, no século XIX, era estimada em 2000 pessoas. Sofreu decréscimo evidente, devido a conflitos e a relações hostis com outros povos, a conflitos com seringueiros, a contágio de doenças, entre outros motivos. Assim, no final da década de 1960, era estimada em quase 50 pessoas, de característica jovem, devido à morte dos mais velhos, nos conflitos referidos (cf. Oliveira, 1970). No início da década de 1990, a população havia crescido para 120 pessoas, aproximadamente. Em nosso censo, de 2001, foi verificada uma população em torno de 240 pessoas (cf. Fargetti, 2007). Comparando-se os dados de 2001 com os atuais, observa-se um crescimento vegetativo positivo da população, pois, ainda que não haja dados oficiais sobre o total de óbitos no período, observa-se uma taxa de fecundidade, em geral, bem superior a dois filhos por mãe. Contudo, observa-se significativo desequilíbrio entre o número de homens e mulheres jovens (até 12 anos), cujas possíveis implicações sociolingüísticas serão discutidas.

(Workshop da Área de Línguas Indígenas da PG do IEL/Unicamp, 12 e 13 de novembro de 2009)

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