Cristina Martins Fargetti
(UNESP/FCLAr)
Serão apresentadas questões lingüísticas observadas quando da realização do censo demográfico do povo juruna, em julho de 2008. Tal povo vive no Parque Indígena Xingu, Mato Grosso, Parque Indígena Xingu, MT, em sete aldeias, próximas à BR-80, na região do Baixo Xingu (Tubatuba, Matxiri, Pequizal, Paqsamba, Pakayá, Pakajá, Mupadá) e em dois postos indígenas na mesma região (Posto Diauarum e Posto Piaraçu). A população juruna era estimada em 241 pessoas em 2001, mas hoje, após o último censo, observa-se aumento significativo, devido a inúmeros nascimentos e baixa taxa de mortalidade. Utilizamos o termo “juruna” para denominar tanto o povo quanto a língua (família juruna, tronco tupi) por ele falada, mesmo sabendo que existe uma autodenominação: yudjá. As informações que apresentaremos são relativas às pessoas consideradas pertencentes à etnia juruna, habitantes do Parque Indígena Xingu. Não foram computados os dados, obviamente, dos juruna que habitam o Pará. Os critérios para identificação de quem é considerado membro da etnia foram dados pelos próprios juruna, e serão discutidos. O censo demográfico seguiu a metodologia da abordagem por casa e traz questões sobre a situação lingüística futura do povo, as quais serão abordadas. Segundo dados de Adalbert da Prússia, a população juruna, no século XIX, era estimada em 2000 pessoas. Sofreu decréscimo evidente, devido a conflitos e a relações hostis com outros povos, a conflitos com seringueiros, a contágio de doenças, entre outros motivos. Assim, no final da década de 1960, era estimada em quase 50 pessoas, de característica jovem, devido à morte dos mais velhos, nos conflitos referidos (cf. Oliveira, 1970). No início da década de 1990, a população havia crescido para 120 pessoas, aproximadamente. Em nosso censo, de 2001, foi verificada uma população em torno de 240 pessoas (cf. Fargetti, 2007). Comparando-se os dados de 2001 com os atuais, observa-se um crescimento vegetativo positivo da população, pois, ainda que não haja dados oficiais sobre o total de óbitos no período, observa-se uma taxa de fecundidade, em geral, bem superior a dois filhos por mãe. Contudo, observa-se significativo desequilíbrio entre o número de homens e mulheres jovens (até 12 anos), cujas possíveis implicações sociolingüísticas serão discutidas.
(Workshop da Área de Línguas Indígenas da PG do IEL/Unicamp, 12 e 13 de novembro de 2009)
- Os índios Jurúna e sua cultura nos dias atuais (Oliveira 1968)
- Sobre el oríjen de los Charrúa (Schuller 1906)
- Modo e aspecto no verbo em juruna (Fargetti 2002)
- Tukani : Entre os animais e os índios do Brasil Central (Sick 1997)
- Tukani : Unter Tieren und Indianern Zentralbrasiliens bei der ersten Durchquerung von SO nach NW (Sick 1958)
- Catalogue of the Silva Castro Collection (Mörner 1959)
- Tecelãs Tupi do Xingu (Ribeiro 1982)
- Tecelãs tupi do Xingu (Ribeiro 1985)
- O Xingu : Encanto ou terror? (Kraeutler 1953)
- Etnografia e indigenismo: sobre os Kaingang, os Ofaié-Xavante e os índios do Pará (Nimuendajú 1993)
- A ação indigenista no sul do Pará (1940-1970) (Arnaud 1971)
- Os "Txikão" e outras tribos marginais do alto Xingu (Simões 1963)
- Os índios Jurúna do alto Xingu (Oliveira 1970)
- Livro 'Fala de Bicho, Fala de Gente' é fruto de pesquisa sobre o povo juruna
- Kania Ipewapewa: estudo do léxico juruna sobre a avifauna (Berto 2013)
- Idiomas indígenas del Brasil (Nimuendajú 1932)
- Durch Central-Brasilien (Steinen 1886)
- Voyage au Xingú (Coudreau 1897)
- Consoantes do Xipaya e do Juruna -- uma comparação em busca do proto-sistema (Fargetti & Rodrigues 2008)
- Duplicação, supleção, afixação e alternância verbal nas línguas Tupi (Lima 2007)