Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, Volume I (Baldus 1954)

A transcrição dos 1785 verbetes do primeiro volume da Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira foi concluída em julho de 2018.


ANÔNIMO

  • O Indio no Brasil. O Observador Economico e Financeiro V, n. 51, Rio de Janeiro, abril de 1940, pp. 97-121.

Trata detalhadamente da organização e finalidade do Serviço de Proteção aos Índios e critica severamente a Missão Salesiana.


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ANÔNIMO

  • A Missão dos Gamelas. Documentos dos arquivos portugueses que importam ao Brasil, n. 7, Lisboa, 1945, pp. 1-12, 1 figura no texto.

Esta "breve narração do que tem succedido na Missão dos Gamellas desde o anno de 1751, athe 1753" é a peça n. 8 do Códice CXV/2-15 da Biblioteca de Évora. Contém não só importantes dados para a História dêsses índios, como também ligeiras notas sôbre sua cultura (p. 9). A figura reproduz um desenho que acompanha o manuscrito e representa um Gamela dançando, com o típico enfeite labial.


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ANTOLINEZ, Gilberto

  • Kanaimé: El vengador de la sangre. Acta Americana, I, nº 2, México, 1943, pp. 240-245.

Estuda diversos aspectos dessa figura da "área mitológica amazónica" (p.243), não evitando afirmações vagas. Característica é a seguinte frase: "Siendo Kanaimé principalmente de origen karibe, aunque adoptado por gentes bastante alejadas de esta nación y distintas en la sangre y en la lengua, obtenemos en él una clave para estudiar una particularidad de la psicología karíbica: los Karibe — hoy pacíficos, tímidos y hasta cobardes, al decir de Matallana — proyectaron en Kanaimé, mediante un fenómeno harto conocido en la psicología analítica, y de modo subconsciente, ese símbolo insuperable y exacto de su propio complejo thanático sádico-anal freudiano, expresado en un insaciable impulso de poder, y que es constelación de sus instintos destructores o antieróticos, autonomizados e independizados de la voluntad y la conciencia." (p. 244). - Que coisa horrível!


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ANTZE, Gustav [1877-]

  • Einige Bemerkungen zu den Kugelbogen im städtischen Museum für Völkerkunde zu Leipzig. Jahrbuch des städtischen Museums für Völkerkunde zu Leipzig, Band 3, Leipzig, 1910, pp. 79-95, 12 figuras. Bibliografia.

Entre os bodoques estudados pelo autor há, também, tipos sul-americanos. O bodoque já foi mencionado por Debret como uma das armas do índio do Brasil. Nordenskiöld considera êsse arco para
atirar bolas de barro um elemento cultural que os portuguêses trouxeram da Índia para a costa do Brasil.


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ANTZE, Gustav

  • Die Brasiliensammlung Vollmer aus der ersten Hälfte des 19. Jahrhunderts. Mitteilungen aus dem Museum für Völkerkunde in Hamburg, VII; Beiheft zum Jahrbuch der hamburgischen wissenschaftlichen Anstalten, XXXVIII (1920), Hamburg, 1922, 19 pp., 10 figuras no texto, 6 pranchas fora do texto.

Minuciosa descrição de 14 enfeites e de um machado de âncora colecionados na primeira metade do século XIX e declarados como procedentes do rio Negro. O autor considera-os, na maioria, produtos das "culturas betoya e aruak", sem poder especificar a tribo ou as tribos de seus fabricantes (p. 18).


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APPUN, Carl Ferdinand [1820-1872]

  • Unter den Tropen. Wanderungen durch Venezuela, am Orinoco, durch Britisch Guyana und am Amazonenstrome in den Jahren 1849-1868. I: Venezuela. Jena, 1871. xii, 559 pp. in-8º, 1 p.: errata, 6 pranchas fora do texto. II: Britisch Guyana. Jena, 1871. xii, 619 pp. in-8º, 1 p. de errata, 8 pranchas fora do texto.

O segundo tomo dessas narrações de viagem é interessante para a Etnologia Brasileira pelas suas referências aos Arekuná, Makuxi e Wapixiana (Vapidiana) das quais se destacam as informações sôbre a fabricação do "urari" com que os índios ervam suas flechas
(pp. 469-482).

O autor publicou, ainda, de 1868 a 1872, vários artigos sôbre tribos das Guianas nas revistas Ausland e Globus.


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ARAUJO, Antonio de

No dizer de Rodolfo Garcia (Nomes de parentesco em Língua Tupi, p. 180), o "Catalogo dos nomes do parentesco que há entre os Brasis", inserto na presente obra, às pp. 267-274, é "o mais completo que existe no gênero". Foi reeditado por Herbert Baldus em "Sociologia" X, n.º 1, S. Paulo 1948, pp.58-63.

Cf. também Ayrosa: Apontamentos etc., pp. 31-34.


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ARAUJO, J. A Corrêa de

  • Ethnographia. Tribus que habitavam Pernambuco na época do descobrimento. Sua organização social, seus usos e costumes. Estado actual. Os troncos ethnicos. Sua classificação e sua historia. Revista do Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano XXIV, nos 115-118, Recife 1922, pp.149-188.

Trata resumidamente dos assuntos mencionados no título. Tornou-se supérfluo depois da publicação de "Os indígenas do nordeste", de Estevão Pinto.


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ARTIAGA, Zoroastro 1891-

Confusa mescla de frutos de leitura mal digerida e duma fantasia ingênua. As seguintes frases dão uma idéia disso:

Com referência aos Karajá: "A vida volante que têm levado, a falta de treino para as atividades quotidianas na luta pela existência, que não há entre Carajás, porque não têm aspiração de melhorar, faz deles entes preguiçosos." (p. 62).

Sinopse da cultura tapirapé: " … vivem como animais". (p. 64).

Acêrca dos índios "Canoeiros": "Um pouco ao norte do município de Niquelandia habitam os Canoeiros com os mesmos sinais característicos dos índios Xavantes." (p.81).

O autor pretende, ainda, contribuir para o esclarecimento dos assuntos bíblicos, observando que: "Pela determinação científica ficará explicado definitivamente que Adão e Eva não colaboraram para a presença de sêres humanos nos territórios do Brasil-Central". (p. 28).

Em lugar do nome do editor, o frontispício diz: "Trabalho organizado por força de imposição legal contida no Decreto-lei que criou o Departamento Estadual de Cultura do Estado". Trata-se do Estado de Goiás.


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ASSCHENFELDT, FRIEDR.

  • Memoiren aus meinem Tagebuch, geführl während meiner Reisen und meines Aufenthaltes in Brasilien in den Jahren 1843 bis 1847. Oldenburg in Holstein 1848. iv, 156 pp. in-8º.

Às pp.88-92 trata dos Botocudos da hinterlândia na Colônia Leopoldina, no rio Perihipe, a cêrca de 18º l.s.


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AUDRIN, José M.

Nesta biografia do primeiro bispo dominicano do Araguaia e primeiro bispo do Tocantins, há ligeiras referências aos Kaiapó do norte, Karajá, Javahé, Tapirapé, karaó, Apinagé, Canoeiros, Cherente e Akuê-Chavante.


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AURELI, Willy

  • Roncador. (Jornada da "Bandeira Piratininga"). 2.ª edição. Rio de Janeiro, s.a. 299 pp. in-8.º, 12 pranchas, 1 mapa. 3.ª edição. São Paulo 1943. 299 pp. in-8.º, 5 pranchas, 1 mapa.

Descreve a expedição chefiada pelo autor que, em 1938, saiu de São Paulo a procura do divisor de águas entre o Araguaia e o Xingu, a chamada Serra do Roncador. Refere-se a índios. Mas o dr. Tihamér Szaffka, que acompanhou aquela expedição como etnógrafo, observa a respeito: "Impressões, dados, etc., que achamos neste livro, não são exatos, e o título duma fotografia incorreta, o que torna o livro inaproveitável." (Revista do Arquivo Municipal LXXXVII, São Paulo 1942, p. 172, nota 1).


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AURELI, Willy

Bombástica narrativa de viagens aos Karajá, Tapirapé e Javahé, realizadas pelo autor em 1945 e 1946, onde certas e boas observações se misturam tão inseparàvelmente a produtos de fantasia, que o livro se torna, cientìficamente, inaproveitável.


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AVÉ-LALLEMANT, Robert 1812-1884

  • Reise durch Nord-Brasilien, Leipzig 1860. I: xv, 446 pp.; II: vi, 369 pp.

Às páginas 283-303 do primeiro tomo, o autor descreve as impressões que lhe causaram, em 1859, os Botocudos do Mucuri. Sua apresentação, muito subjetiva, contém alguns dados que enriquecem a etnografia dêsses índios.


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AVILA, Bastos de

  • Contribuição ao estudo antropofísico do índio brasileiro. Boletim do Museu Nacional XIII, n.3-4 (1937). Rio de Janeiro 1938, pp.1-68.

Refere-se a índios do rio Negro, do rio Branco e do Uaupés.


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AYROSA, Plinio M. da Silva 1895-

Ayrosa atribui a autoria dêsse dicionário a Frei Onofre. A primeira parte foi reproduzida várias vêzes e, até, traduzida para o alemão e publicada para inversão e notas comparativas por Julius Platzmann (Das anonyme Wörterbuch Tupi-Deutsch und Deutsch-Tupi. Leipzig, Teubner, 1901. xxxii, 642 pp. in-4º. Com um mapa do rio Amazonas).

Ferd. Hestermann (Zur Ausgabe "Julius Platzmann: Das anonyme Wörterbuch Tupi-Deutsch und Deutsch-Tupi", Folia ethnoglossica I, n.2, Hamburg 1925, pp.14-18) já tinha sugerido o nome de Onofre, negando decisivamente a possibilidade de João Daniel ter sido o autor.
Na opinião de Dahlmann (apud Serafim Leite: Páginas de História do Brasil, p.66, nota 66), aquela parte se baseia no "Manuscrito da Lingua Geral do Brasil" saído "com toda a probabilidade da pena do famoso Jesuita João Daniel". Leite (ibidem) menciona ainda, a respeito, Francisco Rodrigues: A Formação Intelectual do Jesuíta, Porto 1917, p.379.

Cf. também Ayrosa: Apontamento etc., pp.199-203, e Paula Martins: O Dicionário etc.

M. de L. de Paula Martins dá o seguinte resumo de suas Notas referentes ao "Dicionário Português-Brasiliano e Brasiliano-Português" (Boletim Bibliográfico XII, São Paulo 1949, pp.121-147, 3 pranchas fora do texto): "O exame documental da 1ª parte do 'Dicionário Português-Brasiliano e Brasiliano-Português' acusa enganos graves no texto, que não reproduz com exatidão nem completamente o manuscrito original, introduzindo-lhe, entretanto, formas estranhas a êle.

"Embora o Prof. Plínio Airosa atribua a obra a Frei Onofre, missionário não identificado, a A. considera-a apócrifa. Frei Onofre terá sido o autor da inversão vocabulário anexa à 'Poranduba Maranhense'.

"Encerrando a publicação falhas mais ou menos graves, sugere a conveniência de se reeditarem a 1ª (português-brasiliano) e sua inversão (brasiliano-português), baseadas nos respectivos originais.

"Do manuscrito onde se encontra o Dicionário, destaca o capítulo referente a advérbios tupis, mostrando que encerra referência ao seu autor, muito anterior 1751, e, provàvelmente, autor do vocabulário. Êsse capítulo revela curiosas coincidências com o capítulo 'Do Advérbio' da 'Arte' de Luiz Figueira." (p. 147)


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AYROSA, Plinio

  • O Caderno da Lingua ou Vocabulario portuguez-tupi de Frei João de Arronches. 1739. Notas e commentarios à margem de um manuscrito do sec. XVIII. Revista do Museu Paulista XXI, São Paulo 1937, pp.49-322. Já em 1935 sairá em separata, com numeração própria e duas pranchas representando a primeira e a última página do manuscrito.

Disse Ayrosa no prefácio: "…cremos que o Caderno não é mais que uma cópia resumida do "Diccionario Braziliano de Frei Onofre".


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AYROSA, Plinio

Erudita análise de trinta e três palavras tupi, contendo preciosos dados filológicos e folclóricos. A parte lingüística foi extensamente criticada por Juan Francisco Recalde, na Revista do Arquivo Municipal, XLII, São Paulo 1937, pp. 39-77.


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AYROSA, Plinio

Vocabulário alfabético (pp.27-54). Ayrosa escreveu o prefácio (pp.7-24) e valiosas notas (pp.59-129). Segundo êste autor, "Pero de Castilho preparou o seu trabalho em 1613, quando exercia as suas funções religiosas no norte do Brasil, Baía ou algures," (p.18), e êsse trabalho "foi copiado em Piratininga em 1622 ou pouco depois." (p. 19).

Nos seus "Apontamentos para a Bibliografia da língua tupiguarani", São Paulo 1943, p. 40, observa Plinio Ayrosa a respeito dessa publicação: "Vários erros tipográficos escaparam ao comentador, alguns capazes de confundir o leitor menos atento".


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AYROSA, Plinio

  • Dos índices de relação determinativa de posse no tupi-guarani. S. Paulo 1938, 95 pp. in-8º. Bibliografia.

Importante trabalho para o gramático versado em tupi. Uma das conclusões a que chega o autor é a seguinte: "As gramáticas de Anchieta, Montoya e Figueira são as fontes mais puras para o estudo do tupi-guarani antigo." A bibliografia de 149 números tem especial valor.

O autor apresentou essa obra como tese para concorrer ao cargo de professor catedrático de Etnografia Brasileira e Língua tupi-guarani, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Foi nomeado professor. Nos seus "Apontamentos para a Bibliografia da língua tupi-guarani", São Paulo 1943, p. 42, observa acêrca dessa publicação: "Na impressão da Tese ocorreram vários erros tipográficos de importância. O estudos dos índices de relação, principalmente o do índice T, é dos mais complexos no tupi-guarani, segundo opinião de Bertoni. Esta Tese foi reproduzida pela Faculdade em seu Boletim nº XI (por engano vem na capa o nº IX), correspondente ao nº 1 das publicações da Cadeira de Etnografia Brasileira e Língua tupi-guarani, São Paulo, 1939. Alguns dos erros tipográficos da Tese original foram corrigidos no Boletim…"

Cf. os comentários de A. Lemos Barbosa (Estudos de Tupi, pp. 28 e 34-35).


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