A transcrição dos 1785 verbetes do primeiro volume da Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira foi concluída em julho de 2018.
ALVARADO, Lisandro 1858-1929
- Datos etnográficos de Venezuela. Biblioteca Venezolana de Cultura, Colección "Viajes y Ntauraleza", Cracas 1945, xxii, 413 pp. in-8º, 1 prancha, índices alfabéticos de nomes e matérias. Bibliografia.
Trata de numerosos aspectos culturais, exemplificando com dados tirados da literatura sôbre os índios da Venezuela. O estudioso da Etnologia Brasileira pode utilizar êste livro para trabalhos comparativos.
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ALVARENGA, Oneyda
- Música Popular Brasileira. Pôrto Alegre 1950. 330 pp. in-8º, 133 exemplos musicais no texto, 51 figuras em pranchas fora do texto. Bibliografia.
Referindo-se várias vezes ligeiramente ao índios, revela lamentável ignorância da literatura a respeito.
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ALVIANO, Fidelis de
- Notas etnográficas sôbre os Ticunas do Alto Solimões. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, vol. 180, Rio de Janeiro 1943, pp.5-34, 5 pranchas fora do texto.
Ao lado de afirmações inexatas que revelam a falta de preparo etnológico do autor, há, nesse artigo, uma série de dados interessantes.
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ALVIANO, Fidelis de
- Gramática, dicionário, verbos e frases e vocabulário prático da língua dos índios Ticunas. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, vol. 183, Rio de Janeiro 1944, pp.3-194.
A gramática da língua dêsses índios do Alto Solimões abrange as pp.9-88, e o dicionário alfabético português-tikuna as pp.89-140. A obra é prefaciada por Plinio Ayrosa. O tikuna, também chamado de tukuna e tekuna, é considerado aruak por alguns autores isolado por Nimuendajú.
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AMARAL, Claro Monteiro do
- Memoria sobre usos e costumes dos indios guaranys, caiuás e botocudos. Revista Trimensal do Instituto Historico e Geografico Brazileiro, LXIII, parte II, Rio de Janeiro 1902, pp.263-273.
Escreve o autor: "venho agora me ocupar dos guaranys, caiuás e botocudos de S. Paulo, vale do Paranapanema. Devo notar, porém, que a qualificação de botocudos é dada aos caiuás e coroados de S. Paulo pelos restos dos guaranys domesticados". (p. 263)… "Os índios que visitei acham-se localizados entre os rios Verde e Itararé, sendo uma parte descente da antiga aldeia e catequese fundada pelo barão de Antonina. Estão divididos em três grupos: dois de caiuás e um de guaranys" (p. 264). - Seguem ligeiras notas sobre os índios visitados.
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AMARAL, Luis 1889
- As Américas antes dos europeus. Biblioteca do Espirito Moderno, série 3.*, vol. 43. São Paulo 1946. xxxiv, 693 pp. in-8º, 59 pranchas fora do texto.
Êste livro de divulgação trata de índios de diversas partes das Américas e, especialmente, do Brasil, referindo-se aos dados que parecem ao autor adequados para representar as principais esferas da cultura em geral. Não há, na presente obra, descrição mais ou menos completa e contínua de determinada cultura, mas compilação de informações publicadas sôbre fenômenos culturais dos mais diferentes povos, prevalecendo na escolha o amor ao pitoresco e estrambótico. Revelam-se boas e más qualidades do típico jornalista, agradando, até certo ponto, a facilidade do estilo, aborrecendo, porém, a maneira apressada, e, freqüentemente, confusa. Há erros graves, e, a indicação das fontes, quando não é completamente suprimida, não chega a satisfazer exigências científicas. É livro inútil para o estudioso de Etnologia.
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AMAZONAS, Lourenço da Silva Araujo e
- Diccionario topographico, historico, descriptivo da comarca do Alto-Amazonas. Recife 1852. 363 pp. in-8.º 1 p. de errata, 1 mapa estatístico.
Esta obra dá os nomes de tantas tribos com informações acêrca de seu habitat, de sua cultura e história que, apesar de ter erros, é importante para o conhecimento da etnografia novecentista da região estudada.
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AMBROSETTI, Juan B. 1865-1917
- Los Indios Kaingángues de San Pedro (Misiones). Revista del Jardín Zoológico de Buenos Ayres, II, Buenos Ayres 1894, pp. 305-387, 11 figuras no texto. — Um resumo em alemão foi publicado no "Globus" LXXIV, Braunschweig 1898, pp.244-246, sob o título "Die Kaingang in Argentinien".
Os Kaingang habitam o planalto ocidental dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No século passado existia um grupo dêles em território argentino. A presente monografia trata dêsse grupo, o qual, segundo minhas investigações feitas em 1933, foi absorvido pela atual população daquela região das Missões. (cf. Baldus: Sprachproben etc., p.192.).
O valioso trabalho de Ambrosetti é acompanhado de um vocabulário.
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AMBROSETTI, Juan B.
- Los indios Cainguá del Alto Paraná (Misiones). Boletin del Instituto Geográfico Argentino, XV, Buenos Aires 1895, pp. 661-744, 15 figuras no texto, 13 pranchas (das quais uma com trechos musicais).
Parte dêsses Tupi-Guarani vive no Brasil, onde são conhecidos sob o nome de Kaiuá (Kaioá). A presente monografia, fruto de três viagens efetuadas pelo autor ao Território argentino de Missões, é um dos mais importantes trabalhos a respeito dêles. Destacam-se os dados sôbre música e armadilhas.
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AMBROSETTI, Juan B.
- Materiales para el estudio de las lenguas del grupo Kaingangue (Alto Paraná). Boletín de la Academia Nacional de Ciencias de Córdoba XIV, Buenos Aires 1896, pp. 331-383.
O autor visitou uma horda kaingang que habitava, ao norte do pôrto Tacuru-Pucu, ambas as margens do Alto Paraná, numa extensão de cêrca de 50 km. Ela deu a si própria o nome "Ingain" e tinha vindo do Estado do Paraná. Sua língua era quase idêntica ao kaingang do sul do Brasil. No dizer do autor, "êsses índios, como os Kaingangues, são conhecidos pela população branca e pelos demais índios sob o nome genérico de Tupis. Não se deve confundir esta palavra Tupi com a nação do mesmo nome, de origem guarani, que se acha espalhada com tanta profusão em todo o território da República do Brasil. A palavra Tupi, desde tempo imemorial, parece ter sido aplicada pelos guaranis a tôdas as tribos inimigas, e, por herança, a população branca atual a adotou para designar com ela todos os índios bravos, de caráter belicoso e sobretudo sanguinários ou temíveis."
Cf. o comentário a respeito dos "Ingain" na "Actualidade indígena" de Telêmaco Borba.
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AMORIM, Antonio Brandão de 1865-1926
- Lendas em Nheêngatú e em Portuguez. Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro, t. 100, vol. 154, Rio de Janeiro (1926) 1928, pp. 3-475, 1 prancha com o retrato do autor.
O autor estêve nos rios Negro e Branco (cf. p.7) e, ainda que indique a proveniência apenas de algumas das presentes lendas, parece que lá recolheu a maior parte delas, senão tôdas. Suas indicações aludem à tribo tukano dos Uanana, às tribos aruak dos Manau, Baré e Taria (Tariana) e à tribo karaíb dos Makuxi. Os textos estão na Língua-geral do Amazonas e acompanhados da versão portuguêsa. As páginas 47-55 contêm um pequeno estudo etnográfico sôbre os Uanana do rio Caiari, de cujos dados se destacam os referentes à iniciação das moças e dos rapazes.
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ANCHIETA, Joseph de 1534-1597
- Arte de Grammatica da lingua mais usada na costa do Brasil, novamente dado à luz por Julio Platzmann. Lipsia 1874. xii, 82 pp. in-8.º
Êste esbôço de gramática, cuja primeira edição apareceu em Coimbra, no ano de 1595, é uma das fontes mais preciosas para o estudo do tupi antigo.
Sôbre esta "Arte de Grammatica" fundou e desenvolveu Platzmann sua "Grammatik der brasilianischen Sprache, mit Zugrundelegung des Anchieta", Leipzig 1874, xiii, 178 pp. in-8.º
Em 1876, Platzmann publicou, em Leipzig, uma reimpressão fac-similar da edição de 1595. Ofereceu as chapas estereotípicas dessa reprodução à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a qual as utilizou na sua edição de 1933. (124 pp. in-16.º).
Edição fac-similar em tamanho ampliado (in-8.º), prefaciado por Augusto Magne, apareceu em São Paulo, no ano de 1946.
Cf. os comentários de Plinio Ayrosa (Apontamentos para a Bibliografia da língua tupi-guarani, São Paulo 1943, pp. 23-29).
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ANCHIETA, Joseph de
- Cartas, informações, fragmentos hitoricos e sermões, 1554-1594. Publicações da Academia Brasileira. Rio de Janeiro 1933. 567 pp., 5 figuras e 2 fac-símiles no texto, 4 pranchas; in-8.º. Bibliografia de Anchieta às pp.27-31.
Valiosos documentos sôbre os Tupi que, no século XVI, habitavam o litoral do Brasil e os arredores da atual capital do Estado de São Paulo.
As páginas 409-436 reproduzem a Informação da província do Brasil para Nosso Padre, "atribuida a Anchieta, mas que nos Arquivos da Companhia tem a assinatura autógrafa de Cristóvão de Gouveia (o estilo é de Fernão Cardim, seu secretário) … " (Serafim Leite: Páginas de Histria do Brasil, p.211).
As páginas 448-454 encerram a Informação dos casamentos dos indios do Brasil, um dos mais importantes documentos sociológicos do Brasil quinhentista, que, aliás foi reeditado por Herbert Baldus em "Sociologia", IX, n. 4, São Paulo 1947, pp. 379-385.
A presente coleção das obras do grande jesuíta foi prefaciada por Afrânio Peixoto e Capistrano de Abreu, e anotada por Antônio de Alcântara Machado e Rodolfo Garcia.
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ANCHIETA, José de
- Auto representado na festa de São Lourenço. Peça trilingüe do séc. XVI, transcrita, comentada e traduzida, na parte tupi, por M. de L. de Paula Martins. Museu Paulista, Boletim I, Documentação Lingüística, 2. Ano I. São Paulo 1948. vii, 143 in-8.º, 12 pranchas fora do texto. Bibliografia.
Interessante material para o estudo não só do tupi falado em fins do século XVI no litoral brasileiro, como também de certos meios espirituais com que os jesuítas procuravam influenciar os índios.
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ANDRADE, Alfredo Antonio de
- Estudo das materias corantes de origem vegetal, em uso entre os indios do Brasil e das plantas de que procedem. Annaes do XX Congresso Internacional de Americanistas (Rio de Janeiro 1922), vol. I, Rio de Janeiro 1924, pp.185-201, — Apareceu também nos Archivos do Museu Nacional, XXVIII, Rio de Janeiro 1926, pp.175-199, 3 pranchas.
A leitura dessa monografia é indispensável para o estudo das matérias corantes aplicadas pelos índios a fios, palhas, penas, cerâmica e, principalmente, à própria pele. A afirmação de que o urucu serve não sòmente como ornamento, mas também "à defesa contra os mosquitos" (p. 199), não deve ser generalizada, porém, quanto às tribos do Brasil, pois, entre estas, na maioria dos casos, o mencionado corante é aplicado na pele 1.º) não de todos, mas só de determinados indivíduos, 2.º) nem sempre, mas só ocasionalmente, e 3.º) nem em todo o corpo, mas só em certas partes, restringindo-se, freqüentemente, a poucas linhas.
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ANDRADE, Almir de 1911
- A psychologia e a cultura indigenas através da estructura da lingua tupi-guarany. Revista do Brasil, 3.ª phase, II, n.8, Rio de Janeiro 1939, pp.81-87.
Pequena coleção de grandes erros.
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ANDRADE, Almir de
- Formação da Sociologia Brasileira I: Os primeiros estudos sociais no Brasil, séculos XVI, XVII e XVIII, Rio de Janeiro 1941, 318 pp. in-8.º, 10 pranchas, índice alfabético de autores.
Resume a história da Etnologia Brasileira, indicando numerosa literatura.
Cf. a crítica de Sérgio Buarque de Holanda (Cobra de vidro, São Paulo 1944, pp.35-43).
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ANDRADE, Edgard Lage de
- Sertões da Noroeste 1850-1945. s.l. e a. (São Paulo 1945). 355 pp. in-8.º
Contém alguns dados sôbre as lutas entre os Kaingang paulistas e os neo-brasileiros.
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ANDRADE, Pedro Carrilho de
- Memoria sobre os indios no Brazil. Revista do Instituto Historico e Geographico do Rio Grande do Norte, VII, numeros 1 e 2 (1909), Natal 1912, pp.133-192.
Importante para o estudo dos Kariri das capitanias de Pernambuco e Rio Grande do Norte, e de suas relações com os brancos no século XVII.
Acêrca das diversas tribos dessa família lingüística, mencionadas na presente memória, informa também Estevão Pinto (Os Indígenas do Nordeste, I, pp.137-138).
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ANONIMO
- Memorias para a Historia da Capitania do Maranhão. Collecção de noticias para a Historia e Geografia das Nações Ultramarinas, que vivem nos Dominios Portuguezes, ou lhes são visinhas. Tomo I, n. 4, Lisboa 1812, viii, 118 pp.; in-4.º
Menciona as tribos daquela região que estiveram em contacto com os portuguêses e franceses no segundo decênio do século XVII.
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