Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, Volume I (Baldus 1954)

A transcrição dos 1785 verbetes do primeiro volume da Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira foi concluída em julho de 2018.


A. (ANDREE, Karl) 1808-1875

  • Menschenköpfe als Trophäen bei wilden Völkern. Globus XX, Braunschweig 1871, pp. 199-201, 1 figura no texto.

Ligeiras notas sôbre os Mura e Munduruku do Tapajós.


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ABBEUILLE, Claude d ? - 1632

  • Histoire de la Mission des Péres Capvcins en l'Isle de Maragnan et terres circonuoisines ov est traicte des singularitez admirables & des Meurs merueilleuses des Indiens habitans de ce pais. Paris 1614 e reeditada no mesmo ano. Reprodução fac-símile, editada por Paulo Prado e prefaciada por Capistrano de Abreu. Paris 1922, 940 pp. in-8.º, figuras no texto, índice alfabético de matérias, apêndice. — A primeira edição brasileira foi traduzida para o português e anotada por Cezar Augusto Marques, sendo publicada sob o titulo "Historia da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e suas circumvisinhanças", Maranhão 1874. Muito melhor é a segunda, traduzida por Sérgio Milliet, anotada por R. Garcia e publicada como volume XV da Biblioteca Histórica Brasileira, S. Paulo 1945, 296 pp. in-8.º, 7 pranchas fora do texto.

A obra dêsse capuchinho francês é, como a de seu companheiro P. Yves d'Évreux, uma fonte preciosa para o estudo dos Tupi do antigo Maranhão. O capítulo LI contém interessantes dados acêrca da astronomia dêsses índios. A edição fac-símile traz, em anexo, um estudo de Rodolpho Garcia sôbre as palavras e frases da língua tupi contidas no livro de Claude d'Abbeville (76 pp.), glossário êsse que foi reimpresso na Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro, t. XCVI, vol. 148 (1923), Rio de Janeiro 1927, pp. 5-89, acompanhado de "Trechos Tupis" (pp. 91-100) tirados da mesma "Histoire" e reproduzidos com a tradução interlinear em português. Reduzido e transformado em notas de rodapé, êsse glossário figura também na edição brasileira de 1945.


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ABREU, Capistrano de 1853-1927

  • Os Bacaerys. Revista Brazileira, ano I, t. III, pp. 209-228; t. IV, pp. 43-50, 234-243. Rio de Janeiro 1895.

Estuda a língua e a "concepção do mundo" dêsses índios karaíb da região das cabeceiras do Xingu e Tapajós, tão conhecidos pelas expedições de Karl von den Steinen e Max Schmidt. Baseia-se nas informações dadas por um Bakairi trazido do Paranatinga no último decênio do século XIX.

Êsse valioso trabalho foi reimpresso nos "Ensaios e Estudos", 3.ª série, (Rio de Janeiro) 1938, pp. 217-274.


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ABREU, João Capistrano de

Com dois rapazes kaxinauá, um de vinte e outro de treze anos de idade e ambos há muito tempo fora de sua terra, realizou o autor êsse magistral estudo repleto de dados lingüísticos, mitológicos e etnográficos em geral sôbre aquela tribo pano da bacia do Juruá. A parte principal do livro consiste em textos com a tradução literal em português, coordenados pelo autor sob os seguintes títulos: Vida da aldeia; alimentação; festas; vida sexual; vida, morte, feiticeiros; anecdotas; Caxinauás transformados em bichos; bichos encantados em Caxinauás; bichos entre si; Caxinauás e bichos; Caxinauás entre si; feiticeiros e espíritos; astronomia; o fim do mundo e o novo mundo; a dispersão.

Valiosos complementos são as notas gramaticais (pp. 11-32), os vocabulários alfabéticos português-kaxinauá e kaxinauá-português (pp. 524-621) e o postfácio (pp. 621-630). À página 8 o autor observa: "No Jornal do Commercio de 25 de Dezembro de 1911, de 7, 14 e 21 de Janeiro immediato foi publicada a apuração dos dados ethnographicos fornecidos pelos dois Caxinauás, que não vai em appenso para não carregar ainda mais o volume." — Êstes artigos foram reproduzidos no livro póstumo de Capistrano de Abreu, intitulado "Ensaios e Estudos", 3.ª série, Rio de Janeiro 1938, pp. 275-347.

O "estudo crítico" de Koch-Grünberg, que acompanha a segunda edição de "rã-txa hu-ní-ku-ĩ", não é mais que um grande elogio, aliás bem merecido, dêste já clássico livro, considerando-o "obra de alto valor cientifico, quase sem paralelo na lingüística e etnografia sul-americanas. O maior e melhor material que jamais se publicou sôbre língua sul-americana de índios, e ao mesmo tempo uma excelente monografia da vida econômica, dos usos e costumes e do folklore." (p.633).


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ABREU, S. Fróes

  • Os indios Crenaques (Botocudos do rio Doce) em 1926. Revista do Museu Paulista XVI, São Paulo 1929, pp.569-601, 8 pranchas fora do texto.

Êste artigo serve de complemento aos trabalhos de Maximiliano, Príncipe de Wied-Neuwied, de Paul Ehrenreich, H. H. Manizer e outros observadores dos Botocudos, mostrando interessantes fenômenos de mudança cultural. Durante sua estadia entre aqueles índios, o autor coligiu, também, um pequeno vocabulário (pp.594-601).


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ABREU, Silvio Fróes

As páginas 87-103 dêsse interessante livro tratam das diferentes tribos do Maranhão antigo e moderno, ao passo que as páginas 105-163 se ocupam exclusivamente dos Guajajara e de sua língua (tupi), sendo as páginas 165-207 dedicadas aos Canella (Ramkókamekrã) e ao seu idioma (gê). As páginas 209-214 mostram as diferenças entre estas duas tribos visitadas pelo autor em setembro de 1928 e as páginas 215-228 referem-se às relações dêsses índios com os representantes da nossa civilização.


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ACUÑA, Christoval de 1597-1675

  • Nuevo descubrimiento del gran rio de las Amazonas. Colección de libros que tratan de América, raros ó curiosos II, Madrid 1891, xxxi, 235 pp. in-12.º. — Uma edição in-8.º, ilustrada com vários mapas da época, apareceu em Buenos Aires, no ano de 1943, na coleção Buen Aire.

Êsse jesuíta espanhol viajou, em 1639, de Quito ao Pará, descendo o Amazonas. Das suas notícias sôbre os habitantes da região percorrida destacam-se as concernentes aos Tupinambá, nas quais Métraux, na sua monografia "Migrations historiques des Tupi-Guarani", buscou sua hipótese a respeito do itinerário dêsses índios, de Pernambuco ao Madeira. Na recente edição brasileira da narrativa de Acuña, aparecida no livro: Gaspar de Carvajal, Alonso de Rojas e Cristobal de Acuña: Descobrimentos do Rio das Amazonas, (traduzidos e anotados por C. de Melo-Leitão), Brasiliana 203, São Paulo 1941, p.261, há, com referência a isso, a seguinte nota: "Berredo completa a narrativa de Acuña e dela diverge no que se refere às lendas contadas pelos tupinambás. Diz êle: Mais abaixo (do rio Madeira), pela parte do Norte, desemboca o de Saracá, depois de ter já desaguado nele o de Urubú (a que o padre Cunha chama Barururú), habitado de muito gentio, que se comunica com os holandeses de Suriname; e a êste último antepõe também o mesmo padre (sem dúvida que equivocadamente), não só ao da Madeira mas ainda ao Negro. Pouco adiante de Saracá, correndo para a banda do Norte, passou a armada a boca do rio Atumá, e com mais um dia de viagem a dos Jamundazes. Nessa altura se deixou persuadir a singeleza do padre Cunha de várias novelas, sugeridas tôdas por uns chamados índios Topinambazes. — Maurício de Heriarte chama aos Tupinambás Tupinambaranas, dando as mesmas informações que o padre Acuña."

A relação de Carvajal, publicada em versão portuguêsa junto à de Acuña, no livro citado e da qual apareceu uma edição em espanhol moderno sob o título "Descubrimiento del Rio de las Amazonas'', Sevilla 1894, ccxxxix, 278 pp. in-4.º, refere-se à descida do Amazonas, em 1541, por Orellana, em cuja companhia viajava êsse dominicano espanhol. Contém informes sôbre a gente da "terra de Omagua" e outros índios.

Ambos, Carvajal e Acuña, oferecem material para o estudo da etnografia amazônica dos séculos XVI e XVII, mas material freqüentemente duvidoso, cuja utilização exige a maior precaução. Para o conhecimento dos índios do Brasil atual não é necessária a leitura dêsses autores.


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ADALBERT, Prinz von Preussen 1811-1872

  • Aus meinem Tagebuche (1842-1843). Berlin 1847. vi, 778 pp. in-8.º gr., 1 prancha, 9 mapas. — A versão inglêsa traduzida por Sir Rob. H. Schomburgk e J. E. Taylor é intitulada: Travels in the south of Europe and in Brazil, London 1849, 2 volumes, xvi, 338 pp., v, 377 pp., in-8.º Uma edição de divulgação foi organizada por Hermann Kletke, sob o título "Reise Seiner Königlichen Hoheit des Prinzen Adalbert von Preussen nach Brasilien im Jahre 1842, Berlin 1857, 749 pp. in-8.º, 1 prancha.

O autor, que explorou o baixo Xingu até Piranhacuara (4°5,1'), dá interessantes informações sôbre os índios dessa região, principalmente, sôbre os Juruna visitados por ele em dezembro de 1842.


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ADAM, Lucien 1833-1918

  • Matériaux pour servir à l'établissement d'une grammaire comparée des dialectes de la famille Caribe. Bibliothèque linguistique américaine XVII, Paris 1893, 139 pp. e errata (1 p.) Bibliografia.

Num esbôço gramatical e num vocabulário de 329 números, são comparadas numerosas línguas karaíb, cujo material foi extraído de diferentes autores.


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ADAM, Lucien

O material lingüístico de diversas tribos tupi publicado por autores antigos e modernos é comparado numa gramática e num vocabulário de 358 números. Cf. o comentário de Plinio Ayrosa (Apontamentos para a bibliografia da língua tupi-guarani, São Paulo 1943, pp.19-20). Frederico G. Edelweiss (Tupís e Guaranís, Baliia 1947, p.175) julga o presente trabalho de Adam "prejudicado irremediavelmente, na parte fonética, por influência das idéias errôneas de Batista Caetano".


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ADAM, Lucien

Baseado no material coligido pelos padres Luiz Vincencio Mamiani e Bernard de Nantes e por von Martius, o autor compõe uma gramática e vocabulários comparados, dos dialetos daquela família lingüística do nordeste brasileiro.


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ADAM, Lucien

  • Matériaux pour servir à l'Établissement d'une Grammaire Comparée des Dialectes de la Famille Guaicurú (Abipone, Mocovi, Toba, Mbaya). Bibliothèque Linguistique Américaine XXIII. Paris 1899, 168 pp. in-8.º. Bibliografia.

Compara material das línguas mencionadas no título, colhido por vários pesquisadores e, em parte, inédito.


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ADAM, Lucien

  • Le parler des Caingangs. Congrès International des Américanistes. XII. Session (Paris 1900), Paris 1902, pp. 317-330.

Seis páginas da presente compilação tratam de diversos aspectos etnográficos dêstes índios do Brasil meridional e oito páginas referem-se a seu idioma.


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ADELUNG, Johann Christoph, und VATER, Johann Severin

  • Mithridales oder allgemeine Sprachenkunde mit dem Vater Unser als Sprachprobe in beynahe fünfhundert Sprachen und Mundarten. Berlin 1815.

Esta obra, como também a do segundo dos autores, Johann Severin Vater: Litteratur der Grammatiken, Lexika und Wörtersammlungen aller Sprachen der Erde, 2., völlig umgearbeitete Ausgabe von B. Jülg, Berlin 1847, contém material lingüístico de índios sul-americanos.


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ADOPTIVSOHN DER WILDNIS (Pseudônimo de W. von Weickhmann)

  • Als ich und die Erde noch jung war. Berlin 1928. 376 pp. in-8.º, 1 mapa e 4 figuras no texto, 32 pranchas fora do texto.

Em 1900, o autor viajou pela República do Paraguai, pelo sueste mato-grossense e pelo rio Paranapanema, tendo contacto com os Guaiaki, Kainguá (Kaiuá), Opaié-Chavante e "Coroados" (Kaingang). Reproduz fotografias de indivíduos dessas tribos. Suas observações etnográficas são insignificantes.


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AGASSIZ, Luiz 1807-1873

  • Conversações scientificas sobre o Amazonas feitas na sala do Externato do Collegio Pedro II. Rio de Janeiro 1866. 71 pp. in-4º.

Na penúltima "conversação" trata de índios.


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AGASSIZ, Professor and Mrs. Louis

  • A Journey in Brazil. Boston 1868. xix, 540 pp. - Ed. francesa: Voyage au Brésil, Paris 1869, 532 pp., 54 gravuras e 5 mapas. - Ed. portuguêsa: Viagem ao Brasil (1865-1866). Tradução e notas de Edgar Süssekind de Mendonça, Brasiliana 95, São Paulo 1938, 654 pp., ilustrações e mapas.

Contém interessantes notas sôbre os Munduruku.
A presente obra foi comentada por Raimundo Morais (À margem do livro de Agassiz, São Paulo, s.a [1939], xxi, 217 pp. in-8º.).


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AGUIAR, Braz Dias de 1881-1947

  • Trabalhos da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites - primeira divisão - nas fronteiras da Venezuela e Guianas Britânica e Neerlandesa, 1930 a 1940. IX Congresso Brasileiro de Geografia (Florianópolis 1940), Anais II, Rio de Janeiro 1942, pp. 202-375, 40 figuras no texto, 2 mapas no texto, 1 mapa fora do texto.

Contém referências a numerosas tribos das bacias do Rio Branco, Trombetas e Jari. As vivendas dêsses índios acham-se assinaladas em dois mapas (pp. 332 e 333). A tribo Opuluí (Urukuiana do alto Jari) é a melhor estudada no presente trabalho que, a seu respeito, apresenta dados etnográficos (pp. 348-362), somatométricos (pp. 362-369) e linguísticos (pp. 370-372). Há, também, pequenas listas de palavras aparaí (pp.337-341) e oiapi (pp. 342-348). Interessantes são os dados sôbre as doenças e o seu tratamento entre os índios visitados pela comissão. Várias figuras mostram instrumentos e outros objetos usados pelos indígenas do Jari.


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AGUIRRE, Juan Francisco

  • Diario del capitán de fragata… en la demarcación de límites de Espan͂a y Portugal en la América Meridional, etc. Publicado por Enrique Pen͂a. Boletin del Instituto Geográfio Argentino, XIX, Buenos Aires 1898, pp. 464-510.

Neste diário, datado de 1793, há interessantes observações sôbre tribos do nordeste do Chaco que, em parte, vieram a habitar, posteriormente, o sueste de Mato Grosso. O autor apresenta, além disso, um vocabulário comparativo de 114 têrmos em castelhano, guarani, maskói, lengua, guentuse, enimaga, guaná, mbaiá, paiaguá, toba, mbokobi, abipon e pamba, seguido por notas sôbre as línguas do Chaco.


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AHLBRINCK, W.

  • Encyclopaedie der Karaïben behelzend taal, zeden en gewooten dezer Indianen. Geïllustreerd door E. La Rose. Verhandelingen der Koninklijke Akademie van Wetenschappen te Amstardam, Afdeeling Letterkunde, Niewwe Reeks, Deel XXVII, Nº1. Amsterdam 1931. xiv, 555 pp. in-8º, 160 pp. de pranchas fora do texto.

Volumosa monografia, coordenada alfabeticamente, cuja importância consiste, principalmente, no copioso material lingüístico e ergológico dos Karaíb da Guiana Holandesa, bem como em dados sôbre a cultura dêsses índios. É indispensável para o estudo da grande família lingüística homônima.


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