Aspas

"[…] the shaman is as much a social worker as a medical doctor, for in his efforts to heal the individual he also helps to heal the community."
(Audrey Butt, The shaman's legal role, 1966)

"Todo filho que nasce, cai num chão cultural, onde o húmus étnico se tem acumulado durante séculos. De uma maneira mais imediata, ele, no ato mesmo da concepção, é gerado biologicamente, mas conforme as idéias que aquela cultura tem sobre como uma criança é concebida."
(Bartomeu Melià, Educação indígena e alfabetização, 1979)

"O fato de que, em trezentos anos de convivência com centenas de tribos, menos de quarenta pessoas tenham merecido o registro de seus nomes e em geral por razões banais, ilustra bem a insignificância, para o branco, do índio enquanto ser humano. Em meados do século XVIII o próprio João Daniel, missionário e bom conhecedor da Amazônia, dizia que os índios “só pelas feições parecem gente, [mas] no viver e trabalhar se devem entender por feras”."
(Antonio Porro, Dicionário etno-histórico da Amazônia colonial, 2007)

"Qual é o sentido profundo da palavra mameluco? É o de alguém gerado pelo colonizador no ventre de outra mulher nativa e que depois é tomado dela para oprimir seu gentio materno. O traidor do gentio materno. Esse é o paulista antigo. Esse é o bandeirante."
(Darcy Ribeiro, Antropologia ou a Teoria do Bombardeio de Berlim, 1979)

"Assim como a viagem ao Xingú em 1887 representa o início das expedições puramente etnográficas na América do Sul, foi Karl von den Steinen o primeiro a considerar os índios brasileiros sem qualquer preconceito e orientado sòmente pela vontade de ver o humano em todos os homens, de vê-lo com idéias largas e férteis, idéias de espírito agudo e idéias de grande coração."
(Herbert Baldus, A obra de Karl von den Steinen, 1940)

"Toda a organisação dos carnijós, a razão de sua existência como tribu, o que lhes cimenta a unidade, o que os fortalece, é o ouricuri e é o iatê."
(Mário Melo, Os carnijós de Aguas Belas, 1930)

"[Rondon, em 1949,] ponderava que tôda cultura, quaisquer que sejam os seus valores básicos, constitui uma forma legítima de se realizar e exprimir a natureza humana e que, ao contrário do que antes admitira, o abandôno de uma cultura tribal e a passagem para o estado de civilização, em vez de constituir um "progresso", representa uma forma de depauperamento, o sacrifício de um modo mais genuíno de ser homem."
(Egon Schaden, O problema indígena, 1960)

"A etnologia guarani se divide, a bem dizer, em dois períodos: antes e depois de Curt Nimuendajú. A experiência do então jovem autodidata alemão, que veio ao Brasil no início deste século, foi revolucionária para o conhecimento científico da cultura tribal e, também, em certa medida, para toda a etnologia."
(Egon Schaden, "A Título de Apresentação", in O Guarani: uma bibliografia etnológica, Melià, Saul & Muraro 1987)

"[Nimuendajú] foi guiado por um compromisso radical — ético, político, epistemológico e vital — com as formas de vida e a sorte dos povos indígenas. Mais que teuto-brasileiro (naturalizou-se em 1922 com o nome de Curt Nimuendaju), ele foi um teuto-ameríndio: pois Nimuendaju nunca escondeu seu desprezo e sua indignação face aos habitantes de origem ou identidade européia do Brasil, responsáveis pela miséria física e psicológica dos índios, incapazes, em geral, de perceber e admirar a dignidade intrínseca das formas culturais nativas; incorporando antifrasticamente o uso local, Nimuendaju os chamava de ''cristãos'', e mais tarde veio a classificá-los de ''neobrasileiros '', anacronismo nem por isso menos eloqüente."
(Eduardo Batalha Viveiros de Castro, Curt Nimuendaju: 104 mitos indígenas nunca publicados, 1986)

"Nimuendajú was a scrupulous scientist and an incorruptible fighter for his high ideals of justice and charity. During his whole life he fought for the Indians against the representatives of our civilization who invaded their territory with superior arms. For these efforts he was loved by the persecuted, becoming one of them, and with them he suffered the hate of the colonizer for whom "Indians are not people.""
(Herbert Baldus, Curt Nimuendajú, 1883-1945)

"Quando o sol, cerca de meia hora depois, nasceu atrás da floresta, iluminava um novo companheiro da tribo dos Guaranis que, apesar da sua pele clara, compartilhou com eles lealmente no curso de dois anos a miséria de um povo agonizante."
(Curt Nimuendajú, Nimongaraí)

"A História da Etnologia, apresentando dados acêrca dos povos observados, fornece-os também acêrca do povo do observador. É a História do nosso conhecimento dos outros e do nosso comportamento em relação a êles."
(Herbert Baldus, Introdução, Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, 1954)

"[…] ao contrário dos etnólogos de formação acadêmica que, geralmente, só procuravam estudar as peculiaridades das culturas indígenas […], Nimuendajú interessava-se vivamente pelos destinos das populações tribais."
(Expedito Arnaud, Curt Nimuendajú: aspectos de sua vida e de sua obra, 1983)

"Digno de nota é o fato de quase tôdas as famílias lingüísticas do tronco Tupí até agora reconhecidas se concentrarem na região do Guaporé, isto é, do alto Madeira, particularmente entre os rios Guaporé e Jiparaná (ou Machado). […] Êste fato sugere que talvez o centro de difusão do Proto-Tupí deva ser procurado na área do Guaporé."
(Aryon Dall'Igna Rodrigues, Classificação do tronco lingüístico Tupí, 1964)

"Curt Nimuendaju aliou as duas qualificações. Foi pesquisador e artesão. Ambos estão perfeitamente refletidos na cartografia do Mapa Etno-histórico."
(Rodolpho Pinto Barbosa, A Cartografia do Mapa Etno-histórico de Curt Nimuendaju, 1981)

"A dívida que a humanidade contraiu com o primitivo habitante das Américas está longe de ser resgatada, pois milhões de pessoas no mundo inteiro ignoram o valor desse legado. As principais plantas que hoje nos alimentam e que são utilizadas industrialmente foram descobertas e domesticadas pelos ameríndios."
(Berta Ribeiro, Ao vencedor, as batatas!, 1993)

"Curt Nimuendajú é o pai fundador da Etnologia Brasileira, com obra mais alentada e relevante que a de todos nós que o sucedemos."
(Darcy Ribeiro, Introdução a O fim da tribo Oti (Nimuendajú 1993))

""Alemão por nascimento, brasileiro por adoção, índio por identidade'', na expressão de Emmerich e Leite, Curt Nimuendaju ostenta também o título de humanista e sábio que começa a ser revelado a um público mais amplo que o estreito círculo dos estudiosos da antropologia."
(Berta Ribeiro, O mapa etno-histórico de Curt Nimuendaju, 1982)

"Com os olhos perdidos no Rio Doce, o querido Uatu, com a tranquilidade e a paz de quem reencontrou suas origens e sua própria razão de ser, os mais velhos cantarolavam baixinho ou falavam de seu passado, indicando-nos onde ficavam seus locais sagrados, locais de caça, as grutas onde haviam deixado suas marcas."
(Lucy Seki, sobre o retorno dos Krenák a seu antigo território, depois das agruras do exílio na Fazenda Guarani, Notas para a história dos Botocudo (BORUM), 1992)

"A língua yathê é artìsticamente bela, é grave e é cantante."
(Geraldo Lapenda, Perfil da lingua yathê, 1965)

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