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prometendo há tantos anos. Grande contingente de brasileirismos são de origem tupi. NASCENTES condena o estudo citadino do tupi. Acha que se deve fazer tábua rasa de tudo o que já se escreveu até hoje sôbre o assunto. Por outro lado, nunca foi estudá-Io no mato. De que fonte serão as origens tupís que nos oferecerá, e para as quais "já estão devidamente ordenadas as respectivas fichas"?

Podemos fazer ideia por algumas amostras. Assistimos a uma defesa de tese de concurso para livre docência de português na Faculdade Nacional de Filosofia, em que A. NASCENTES, na argüição, afirmou que a palavra "inúbia", tirada da ianybia de JEAN de LERY e vulgarizada pelos românticos, provém de uma transcrição defeituosa da palavra mimby "flauta" (o m inicial teria sido tomado por in).1 Ora não se faz mister ir ao Xingu para ver que os tupis não podiam chamar com o mesmo nome (mimby) dois instrumentos nativos tão diferentes como a flauta e a trombeta. Basta ir a p. 65 do Dicionáno Português e Brasiliano, onde vem jombya na acepção de "buzina". Cfr. ainda p. 24b e ARRONCHES 86 (jumiá), STRADELLI 134 (iumiá). O problema se resolve não no mato mas na biblioteca.

Clara compreensão do assunto demonstra o prof. ARION DALL'IGNA RODRIGUES (Universidade de Curitiba), em seu recente artigo Análise morfológica de um texto tupi, Logos, VII, n.o 15 (Curitiba, 1952):

"Sendo o Tupi antigo (sécs. XVI-XVII) uma língua morta, apenas atestada documentalmente, todo o estudo que dela se taz há de ser baseado em documentos: gramáticas, vocabulários e textos; êsse estudo é, pois, de um cunho nitidamente filológico".

Não estranhe o leitor se nos estendemos nesses esclarecimentos. Ao lado de arremetidas francas, como a de A. NASCENTES, sente-se uma guerra fria aos estudos de língua tupi, por parte de alguns filólogos brasileiros. Como essa oposição se diz feita ora em nome da lingüística ora em nome da filologia portuguêsa, é tempo
de colocar as cousas nos seus lugares.

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