Não tenho nenhum constrangimento em confessar que, ao saber que Antonio Callado conseguira chegar ao Vietnã do Norte, fiquei morrendo de inveja. E acredito que nenhum repórter brasileiro ficou imune àquele sentimento. Afinal, Callado ia participar da que, sem dúvida alguma, pode ser qualificada como a epopéia do século — ou seja, a brava luta do povo vietnamita contra o invasor estrangeiro.
E mais: a presenca de Callado se verificava nas mais perigosas frentes da luta do sudeste asiático e em trincheiras aonde até então nenhum jornalista brasileiro conseguira chegar.
O que convém destacar nesta magnífica e ao mesmo tempo pungente reportagem de Antonio Callado é o seu tom isento. O repórter Antonio Callado se conduz, nos seus contactos com a terra e a gente vietnamita, bem como na sua maneira de observar as motivações e a estratégia da fabulosa luta popular, como um pintor impressionista diante da paisagem ou da figura que tem diante dos olhos e que tocou sua sensibilidade. Nada do que vem contado neste lívro, que não receio em incluir entre os mais importantes que já foram escritos, em todo o mundo, traz a marca da inautenticidade, da montagem engenhosa, da falsificação bem composta. Pelo contrário, não só pela crueza do que retrata, mas, principalmente, pela exata apreensão dos tons daquilo que foi retratado, as reportagens de Callado que formam o presente livro lembram mais as foto-reportagens de um Cartier Bresson.
Quanto à qualidade literária, desnecessário ressaltá-la: Antonio Callado é um autêntico escritor, e todo verdadeiro escritor (particularmente os que se incluem na categoria dos ficcionistas) é sempre um bom repórter.
Percy Harrison Fawcett, cidadão de Torquay, Inglaterra, nasceu em 1867. Aos 26 anos de idade, servindo como oficial britânico em Ceilão, teria descoberto, numa rocha, antigas inscrições. Esse fato, somado a pesquisas que fez em documentos históricos, levaram-no a crer numa Cidade Abandonada em pleno sertão brasileiro, de antiqüíssima idade histórica.
Em 1920, com autorizacao do Governo Brasileiro, Fawcett realizou sua primeira expedição, na tentativa de encontrar a Cidade Abandonada. Em vão. Em 1925, fez nova tentativa, desta vez acompanhado de seu filho Jack e do jovem Raleigh Rimell. Desapareceu na selva, sem deixar vestígios.
Neste livro, Antonio Callado descreve as buscas que foram feitas para encontrar traços da passagem de Fawcett e — quem sabe? — encontrar o próprio Fawcett. Um livro que se lê como um romance de aventuras. [segunda orelha]
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