HUXLEY, Francis
- Affable Savages: An Anthropologist among the Urubu Indians of Brazil. London 1956. 287 pp. in-8°, 1 mapa no texto, 19 figuras em pranchas fora do texto. ― Também: New York 1957. 282 pp., mapa e figuras. ― A versão francesa, na tradução de Monique Lévi-Strauss, saiu sob o título Aimables sauvages, Paris 1960, viii, 267 pp. in-8°. ― A tradução portuguêsa de Japi Freire, intitulada Selvagens amáveis, apareceu na coleção Brasiliana, CCCXVI, São Paulo 1963, 321 pp. in-8°, 1 mapa no texto, 13 figuras em pranchas e 1 diagrama fora do texto.
Em 1951 o autor acompanhou Darcy Ribeiro numa visita aos Urubus. Em 1953, voltou a estudar êstes Tupi do Maranhão, indo desta vez sòzinho. O presente livro trata da segunda viagem que durou cêrca de seis meses (p. 12). Uma narrativa, por vêzes bastante despretensiosa, é misturada com profundas reflexões científicas numa tentativa aparentemente destinada a agradar ao mesmo tempo o grande público e os etnólogos. O autor perde-se, porém, em especulações baratas (pp. 14 e outras), afirmações fantasiosas (pp. 65, 67, 82, 90 e seguintes), generalizações injustificáveis (pp. 60, 67) e etnocentrismo (p. 140). Ainda não conhece bastante a etnografia do Brasil, p.ex., quando supõe o uso de sarabatana ("blow-pipes") em "some Gê tribe" (p. 91). Atribui ao índio idéias e sentimentos sem apresentar provas de sua existência (p.ex., pp. 90 e seg.). Não separa sempre aquilo que observou daquilo que ouviu dizer ou supõe. Certos assuntos importantes são tratados somente reproduzindo informações fornecidas pelos índios (p.ex., pp. 120 e seg.).
Apesar de tudo isso, porém, são abundantes, para quem sabe separar o bom do imprestável, preciosos dados referentes a muitos aspectos da cultura daqueles índios, especialmente à mitologia e psicologia. Pois o autor é, freqüentemente, um arguto observador.
Cf. os comentários de D. Maybury-Lewis em Man, LX, London 1960, p. 31, e de Allan R. Holmberg em American Anthropologist, LX, n. 2, Menasha 1958, pp. 388-389.
(p. 378-379)