AZEVEDO, Thales de [1904-]
- Aculturação dirigida: notas sôbre a catequese indígena no período colonial brasileiro. Trabalhos de Antropologia e Etnologia, XVII, fasc. 1-4, Porto 1959, pp. 491-512 (resumos em francês, inglês e alemão). Bibliografia. ― Saiu também nos Anais da III Reunião Brasileira de Antropologia (1958), Recife 1959, pp. 77-98, e no livro do autor, intitulado Ensaios de Antropologia Social, Bahia 1959, pp. 33-61.
O autor desta excelente contribuição para a Antropologia Aplicada, analisando, principalmente, fontes jesuíticas, mostra que no Brasil colonial "duas ordens de situações se verificaram na história da conquista espiritual: a) a catequese no seio das tribos, b) a doutrinação e educação nas vilas e aldeias de tipo de redução. Os princípios norteadores dos dois métodos eram, em termos gerais, os mesmos mas os processos ocorrentes diferiam profundamente em si mesmos…" (p. 505). Resumindo as informações a respeito da primeira etapa do obra jesuítica entre os índios do Brasil, declara: "Vê-se que, apesar de não reconhecerem o caracter religioso de certas crenças e ritos do gentio, os Jesuítas utilizaram a favor de seus esforços a re-interpretação de cantos, danças, vestes cerimoniais, instrumentos rituais, até a personificação de entes sobrenaturais dos índios." (p. 499). Referindo-se, depois, aos aldeamentos, escreve: "Quebrados os laços com o meio natural, alterado profundamente o sistema económico, modificados os padrões de relações inter-tribais e forçada a residência numa aldeia sob disciplina e horários monótonos e rígidos ― tudo isto seria suficiente para desorganizar a estrutura social e a cultura dos aborígines; o que lhes restava já não tinha significados antigos, tanto mais que instituições, mores e valores, sistemas de prestígio e de status, regras de parentesco e de casamento haviam sido atingidos por severas restrições e proibições." (p. 501).
Cf. o comentário de Egon Schaden em Aculturação Indígena, São Paulo 1964, p. 281.
(p. 62-63)