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ALBISETTI, César, e VENTURELLI, Ângelo Jayme
  • Enciclopédia bororo, I: Vocabulários e etnografia. Publicação nº 1 do Museu Regional Dom Bosco, Campo Grande (Mato Grosso) 1962, xxxi, 1047 pp. in-8º gr., 959 figuras, 2 mapas, 3 gráficos, 1 tábua e 1 fac-símile no texto, 1 mapa e 4 pranchas coloridas fora do texto, índice alfabético de autores. Bibliografia.

Obra monumental que, pela abundância das informações nela contidas e pela exatidão de sua apresentação, honra os salesianos, seus autores, e os índios que com êles colaboraram.
A introdução do vol. I (pp. 0.1-0.18) orienta, de forma concisa, sôbre a língua bororo e descreve os informantes. No tocante a um dos principais dêles, Tiago Marques Aipoburéu, que, na Etnologia Brasileira, alcançou certa fama pelo estudo de Florestan Fernandes (B. C. 477) baseado em Baldus, Colbacchini e Albisetti, vicejou no cérebro dos enciclopedistas uma frase terrível, a saber: "Esta invulgar figura de bororo foi levianamente criticada por observadores menos atentos que hastearam a bandeira da marginalidade do inesquecível e nobre índio transformando-a de gloriosa, como realmente foi para sua tribo, para si e para a civilização, em rôto farrapo de remorsos, conflitos sem solução, e desespêro." (p. 0.17). Aparentemente confundem o conceito etnológico com o do noticiáro policial.
O vocabulário alfabético bororo-português (pp. 1-968) encerra cêrca de dez mil "formas" (p. 0.1) com precioso material etnográfico contido nos verbetes referentes à organização social, à religião e a outros aspectos da cultura. Especialmente ricos são os dados ergológicos acompanhados de centenas de ilustrações. Para dar o máximo também à lingüística esforçam-se os autores em apontar, tanto quanto possível, a origem das palavras bororo andando com destemor no campo lúbrico da etimologia. Apêndices (pp. 969-987) tratam da linguagem dos xamãs e do pranto ritual. Pena é faltar índice detalhado de matérias. Supriu-o, em parte, o vocabulário português-bororo (pp. 989-1035).
A extensa bibliografia (pp. 1037-1046) foi copiada da B. C. com tanta fidelidade que os piedosos autores da Enciclopédia caíram, até, vítimas dum êrro tipográfico da sua fonte. É que reproduzem o ítem 506 que nada tem com Bororo e cujo número entrou no índice das tribos da B. C. em lugar de 507. Êste desastrezinho bem poderia servir-lhes de lição por não terem citado a fonte de suas indicações bibliográficas.
Cf. os comentários de Lévi-Strauss em Mythologiques: Le cru et le cuit (B. C. 2343), pp. 15, 48-54 e passim.

(p. 47-51)

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