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WAGLEY, Charles

O autor compara a reação dos Tenetehara e Tapirapé ao contacto com os brancos no que diz respeito ao decréscimo da população e à organização social. Enquanto a primeira dessas tribos lavradoras das selvas tropicais do Brasil, depois de mais de trezentos anos de tal contacto, conta com um número de componentes provàvelmente pouco inferior ao de antes, conservando em função sua organização social, os Tapirapé se encontram em via de extinção física e desintegração social. O autor acha que, por um lado, a tecnologia dessas tribos e seus métodos da aquisição de sustento devem ter limitado o número de habitantes de cada aldeia, não havendo, por outro, falta de espaço territorial para limitar o número das aldeias. Parece-lhe que, antigamente, a população tapirapé era relativamente pequena e estável, ao passo que a dos Tenetehara era, pelos menos, o dôbro daquela e, provàvelmente, expansiva. Êstes últimos, em geral, não procuram restringir o tamanho da família à moda dos Tapirapé, entre os quais a mulher não deve ter mais de três filhos. Embora os Tapirapé justifiquem esta limitação com falta de alimento, mais decisivos parecem ser certos fatôres culturais. O autor procura mostrar a influência das instituições e valores culturais sôbre o tamanho das populações dentro dos limites impostos pelas fontes alimentares, pelo conhecimento médico, pelo equipamento civilizador e por outros fatôres materiais. Frisa que a estrutura social e os valores culturais de cada sociedade são funcionalmente relacionados com determinado tamanho de população, precisando ser reajustados, por isso, em caso de mudança da situação demográfica.

(p. 757)

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