STRADELLI, E.
- Leggenda dell'Jurupary, Bolletino della Società Geografica Italiana, Serie III, vol. III (Anno XXIV — vol. XXVII). Roma 1890. pp.659-689 e 798-835.
Ehrenreich (Die Mythen und Legenden der Südamerikanischen Urvölker etc., p.7) escreve a respeito: "Muito peculiar é o chamado mito do Yurupari, das tribos do Uaupés,colhido por Stradelli. Barboza Rodrigues, em seu "Poranduba", e Henri Coudreau já publicaram fragmentos dêste mito. Stradelli deve o texto inteiro a um colono cuja mãe era índia Tariana… Trata-se do único mito esotérico de liga secreta que conhecemos até agora e explica a significação dos mistérios e objetos sagrados em questão, tornando, assim, explicáveis ou, pelo menos, compreensíveis numerosos costumes semelhantes de tribos do Orinoco e Purus (Ipuriná). Se bem que, infelizmente, a forma da representação seja estilizada poeticamente segundo gôsto europeu, o conteúdo conserva, na sua totalidade, caráter legitimamente índio e merece estudo minucioso, necessitando, porém, de novo exame "in loco", especialmente no tocante aos nomes próprios. Muito confunde o uso contínuo de designações tomadas à Língua-geral, ao lado de têrmos tariana ou de outras línguas do Uaupés. O próprio nome Yurupari pode induzir a engano, pois êste personagem mítico nada tem que ver com o conhecido duende selvático dos Tupi, identificado com o Diabo pelos missionários. Trata-se, pelo contrário, de um herói solar, como já indica o seu verdadeiro nome Izi, isto é: 'sol' em tucano."
Cf. também o verbete "Iurupari" em Stradelli (Vocabulários da língua geral etc.,. pp.497-498).
Acêrca do nome do sol, em tukano, convém mencionar que Martius (Beiträge etc., II, p. 283), reproduzindo o vocabulário tukano coligido por Wallace, indica as têrmos uípo e uipó para sol e lua e o padre Antônio Giaccone (Pequena gramática e dicionário da língua tucana, p. 39) dá, como designação dos mesmos, o vocábulo muhipu.
Câmara Cascudo (Em memoria de Stradelli, pp.61-67) resume e comenta o presente "trabalho de tradução e acomodação literária" (p. 61).
Cf. também o comentário de Schaden (Ensáio etno-sociológico sôbre a mitologia heróica de algumas tribos indígenas do Brasil, pp. 140 e segs.)
(p. 702-703)