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SAMPAIO, Theodoro
  • Os Kraôs do Rio Preto no Estado da Bahia. Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro, t. LXXV, 1912, parte I, Rio de Janeiro 1913, pp.143-205, 6 pranchas e 1 mapa fora do texto.

Curt Nimuendajú (The Eastern Timbira, pp.25-26) escreve a respeito: "Em 1910 apareceu na cidade da Bahia um Timbira com o lábio inferior perfurado e que chamava a si mesmo Capitão Luiz, sendo seu nome índio Catome (= Ka'tám). Êle pretendia ser o chefe da aldeia krahó de Gameleira, no Rio Prêto, no extremo noroeste do Estado da Bahia. Theodoro Sampaio tentou sondá-lo sôbre a situação de seu povo, mas, por motivos próprios, o índio foi muito reservado nas suas afirmações, embora pronto a fornecer uma longa lista de palavras da língua 'kraô', que Sampaio publicou em 1912.
"Em 1913 encontrei o mesmo Luiz Ka'tám no Rio de Janeiro, no escritorio do diretor do Serviço de Proteção aos Índios e também tomei alguns exemplos de sua língua. Disse-me, também, que era um Krahó e estava vivendo no Manoel Alves Pequeno, onde as aldeias de sua tribo, incluindo Gameleira, estão situadas atualmente. Hoje estou certo de que êle não era um Krahó, mas um Apinayé de Bacaba, o que é claramente provado por seu nome, pela perfuração do lábio inferior e o vocabulário. Suas afirmações falsas foram feitas a fim de estabelecer seus direitos de cidadão na Bahia, reivindicando ajuda do govêrno daquele Estado. Uma vez, que, em tempos passados, conhecera o mundo exterior como Krahó, julgou mais sábio persistir na pretensão, a fim de se resguardar contra a contingência de ser reconhecido por algum bahiano no Rio.
"Os Krahó nunca viveram no Rio Preto ou em qualquer outra parte da Bahia. Ambos os vocabulários, o de Sampaio e o meu, de 1913, são inúteis como mostras de língua krahó, uma vez que ambos representam um puro apinayé, enquanto que (como notou Martius em 1819, registrando sua lista de palavras aponegicran), o dialeto krahó coincide inteiramente com o dos Canella.
"As pequenas informações concernentes aos costumes do seu povo, dadas por Luiz Ka'tám a Sampaio, aplicam-se exclusivamente aos Apinayé (cinto de buriti para carregar crianças,…) ou são incorretas (facas de pedra, transporte do fogo em cerâmica). O vocabulário de Sampaio também contém um cômico disparate: "alma" = catonco; mas katõk realmente significa arma de fogo ("arma"). Igualmente infiel é a localização das tribos Gê no seu mapa."

(p. 625-626)

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