PINTO, Estêvão [1895-]
- Os Indígenas do Nordeste. I: Brasiliana XLIV, São Paulo 1935, 260 pp. in-8.º, 45 desenhos e mapas. II: Brasiliana CXII, São Paulo 1938, 366 pp. in-8.º, 36 figuras, 1 mapa.
O primeiro tomo trata do atual estado dos problemas arqueológicos e etnográficos do Brasil, da história da Etnologia dêste país, da classificação de seus índios e das relações entre êsses e os brancos. No segundo tomo são divididos os antigos habitantes do nordeste em Tupi, Gê e Kariri. Refere-se especialmente à vida econômica e às crenças religiosas reunindo o autor copiosos dados de fontes antigas e modernas. A respeito dos Tupi baseia-se principalmente nas monografias de Métraux. Com referência aos Gê e Kariri as fontes são mais escassas, recorrendo o autor a material comparativo trazido, às vêzes, de bem longe.
Ainda que Estêvão Pinto (II, p. 31) reconheça o perigo das generalizações relativamente às culturas índias, não pode, pela natureza de seu livro (reduzindo os índios em aprêço a três grupos), evitá-las. Apesar disso apresenta a primeira parte do segundo tomo, consagrada ao conhecimento da "vida econômica" (expressão com que o autor substitui os têrmos "civilização material" e "cultura material"), uma boa orientação sôbre os problemas em questão, pela descrição clara e isenta de hipóteses pseudo-científicas. Os capítulos sôbre a vida religiosa e social, porém, estão sob a influência das teorias de Freud e Levy-Bruhl. Também o têrmo totemismo é usado em sentido muito vago.
Contudo, tirando-se êsses senões, a presente obra é recomendável como introdução ao estudo dos índios do Brasil, também pela abundante e exata documentação bibliográfica.
(p. 542-543)