NlMUENDAJÚ, Curt
- The Gamella Indians. Primitive Man, X, nos. 3 e 4, (Washington) 1937. 14 pp., 1 mapa. Bibliografia.
Segundo o autor, desde os tempos mais remotos a que se referem os relatórios mais antigos, distinguem-se dois grupos de tribos na população índia do território hoje formado pelo Estado do Maranhão. O grupo indubitàvelmente mais antigo, que ocupa o centro e o sul, abrange tribos gê de dois ramos lingüística e culturalmente diversos: os Timbira, no norte e os Akwé, no sul. O grupo mais novo é formado por tribos tupi, que habitam o noroeste e podem ser divididas também em dois ramos. Os dialetos do ramo "he" — assim chamado por causa do pronome da primeira pessoa do singular — pertencem a uma onda antiga de imigrantes, representada pelos Guajajara e Amanayé. As tribos que falam os dialetos "txe" parecem ter imigrado posteriormente à descoberta do Brasil, vindo do sul, onde foram representadas pelos Tupinambá. Os Akwé e os Tupinambá estão extintos, ao passo que os Timbira e os Guajajara ainda vivem no Maranhão.
Todo o nordeste dêsse Estado e grandes trechos a leste são, etnogràficamente, quase desconhecidos. Representam aquela parte do Maranhão que foi a primeira a receber densa população de colonos. As fontes dos séculos XVII e XVIII mencionam doze tribos, cujas línguas ficaram desconhecidas. Com exceção dos Gamella, no comêço do século passado, poucos sobreviventes havia dessas tribos, hoje extintas.
Em 1936 o autor conseguiu visitar velha mestiça Gamella, cuja avó fôra, ainda, Gamella pura. Essa mestiça talvez fôsse o único ser humano a lembrar-se, ainda, de algumas palavras da língua dos seus antepassados índios. Essas palavras, segundo o autor, indicam — pelo que seu pequeno número permite concluir — tratar-se de uma língua isolada.
(p. 495-496)