0915

<

>



MACHADO, Othon Xavier de Brito
  • Os Carajás (Inan-son-uéra). Conselho Nacional de Proteção aos Indios, publicação n. 104. Rio de Janeiro 1947. xiii, 128 pp. in-8.º, 1 mapa e 18 pranchas fora do texto.

Quando, em 1945, estêve entre êsses índios do Araguaia, o autor não tinha nenhum preparo etnológico, como mostram as frases seguintes: "Os Carajás são fetichistas extremamente supersticiosos" (p.8) (O grifo é nosso). - "A mulher Carajá é ciumenta. Teriam sido elas as inventoras do uso compulsório, pelos homens de sua raça, do no-on-tú-kaná, que impede, quando ajustado à verga, o seu funciomento como órgão copulador? Seria, neste caso, comparável à cinta de castidade que os maridos ciumentos de vários países do Velho Mundo, em tempos idos, aplicavam às consortes, quando delas se afastavam." (p.1 ). - "Informou-nos o ministro evangélico Archibald Macintyre, que, em 1910 existiam cêrca de dez mil Carajás às margens do Araguáia…'' (p.16). Fritz Krause, autor da obra básica sôbre êsses índios, contou, em 1908, 815 habitantes, de suas 23 aldeias, distribuídas numa extensão de cêrca de 800 quilômetros.

Há, porém, na presente monografia, também material valioso. Interessante é o estudo sôbre a precisão do tiro da flecha e sua penetração (p.24-25). Na qualidade de médico, o autor dá muita atenção a assuntos ligados à sua especialidade (pp.28-33). Também alguns dados mitológicos (pp.40-47) são dignos de nota. Os vocabulários alfabéticos português-karajá e karajá-português (pp.57-128) que, na maior parte, foram colhidos na aldeia da barra do Tapirapé (p.55), têm importância pelo grande número de têrmos zoológicos e botânicos.

Aliás, o autor reproduziu êsses têrmos, separadamente, com modificações e acréscimos, sob o título "Nomes, na língua carajá, de algumas plantas e animais do Brasil Central" nos Arquivos do Museu Paranaense, VIII, Curitiba 1950, pp.147-164.

A lenda "Os pirarucus" (pp.43-45) foi traduzida para o alemão por Herbert Baldus, que publicou a versão no seu trabalho "Karajá-Mythen", Jahrbuch des Linden-Museums, II/III, Stuttgart 1952/53.

(p. 416)

This site is part of the Etnolinguistica.Org network.
Except where otherwise noted, content on this site is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.