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KRAUSE, Fritz

Nos diários inéditos do desenhista científico Wilhelm von den Steinen, que acompanhou seu primo Karl von den Steinen em ambas as expedições ao Xingu (1884 e 1887), e do Dr. Herrmann Meyer, que fêz duas viagens ao Xingu, em 1896 e 1899, encontram-se interessantes notícias sôbre algumas tribos até agora desconhecidas ou pouco conhecidas. Duas dessas são os Iarumá e os Aravine. Os dados a seu respeito, publicados no presente artigo, não são observações feitas in loco pelos dois exploradores, mas informações que receberam de membros de várias outras tribos.

Um vocabulário (pp.39-41) obtido por Meyer demonstra a existência de parentesco lingüístico íntimo entre os Iarumá e a tribo karaíb dos Apiaká do Baixo Tocantins. Isso anula a identificação dos Iarumá com os Munduruku, suposta por K. von den Steinen. Segundo Ehrenreich, os Apiaká do Baixo Tocantins, nos meados do século XIX, foram desalojados de seu antigo território pelos Suiá e passaram pelo território dos Juruna até o Baixo Tocantins. É possível, por conseguinte, constituírem os Iarumá um ramo dos Apiaká do Tocantins, que ficou residindo perto do antigo território da tribo. O parentesco lingüístico com os Karaíb do Xingu é muito mais afastado do que com os Apiaká. (p. 41).

De acôrdo com as informações recebidas por Meyer parece situar-se o território dos Iarumá e dos Aravine no curso médio do Paranaiubá ou no rio Aravine (rio 7 de Setembro), afluente direito da parte média do Culuene. A última hipótese é mais provável. Em todo caso, os Aravine moram perto dos Iarumá, a leste ou sueste dêles. Os Auetö informaram Meyer de que os brasileiros alcançaram com canoas os Aravine, pelo lado oriental, o que indica que o território dêstes últimos se estende até a bacia do Araguaia. Disso resulta uma ligação entre a região do Culuene e a do Araguaia, por meio dos Iarumá e Aravine, ligação essa de importância. (p. 42).

Segundo os poucos vocábulos aravine colhidos por Meyer (p. 43), êstes índios falam um dialeto tupi.

(p. 360)

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