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EHRENREICH, Paul

Êste trabalho sôbre a classificação e distribuição das tribos índias do Brasil segundo o estado dos conhecimentos etnológicos em 1891 apresenta-se, de certa maneira, como reação contra exageros de Martius, principalmente contra "sua suposição completamente infundada de migrações incessantes de povos, divisões de tribos e reunião de elementos heterogêneos formando novas hordas (que ele designou de colluvies gentium), como também de troca de idiomas e de alterações lingüísticas ilimitadamente continuadas." (p. 83). Esta suposição levou a duvidar da possibilidade de classificar as tribos e línguas sul-americanas (pp.83, 84).

Ehrenreich chega à seguinte conclusão (p.123): "Pondo de lado os poucos povos ainda indetermináveis e aquêles que dos países vizinhos se estendem até ao interior do Brasil, resulta a maioria das tribos brasileiras pertencer às quatro grandes famílias principais dos Tupi, Gê, Karaíb e Maipure ou Nu-Aruak, e por conseguinte, ser relativamente simples o aspecto etnográfico dêste grande país."

A respeito das direções da difusão dessas quatro famílias, lemos na mesma página: "Do coração do continente sairam os Tupi para todos os lados e os Karaib para o nordeste, enquanto os Nu-Aruak avançaram do norte para o interior, vindo do este os Gê."

Certas afirmações de Ehrenreich mostram que êle, opondo-se à complicação feita por Martius, caiu no simplismo. Assim, por exemplo, linguistas modernos não concordam com êle em classificar, sem reserva, os Botocudos e Kaingang como Gê.

(p. 214-215)

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