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BORBA, Telêmaco Morosini

Nas páginas 5 a 19, o autor reproduz sua "Breve noticia sobre os Indios Caingangues, que, conhecidos pela denominação de Coroados, habitam no terrítório comprehendido entre os rios Tibagy e Uruguay", notícia essa escrita em 1882 e publicada na Revista da Sociedade de Geographia de Lisboa (no Rio de Janeiro). Sociològicamente interessante é a observação (p. 11): "Não casam com as filhas dos irmãos, que consideram como suas, preferindo, entretanto, as filhas das irmãs para suas esposas." A êsse respeito, pois, os Kaingang do Piquiri, visitados por Borba não diferem dos Tupi descritos por Anchieta e Gabriel Soares de Souza. A primeira parte dêste livrinho contém ainda outros materiais kaingang, a saber, mitos (pp. 20-27), uma narrativa histórica (pp.28-33), textos de cantos fúnebres (p.34), um vocabulário alfabético português-kaingang (pp.35-38), um diálogo em português e kaingang (pp. 39-40), um ensaio de conjugação (pp.41-47) e mais uma pequena lista de vocábulos (p.48). A segunda parte dá ligeiras notas sôbre os Kainguá e Guarani domiciliados no município do Tibagi (pp.51-62), uma lenda guarani (pp.62-69), um mito dos Aré, cuja língua pertence, também, à família tupi (pp.69-71), um vocabulário dos Oti-Chavante dos Campos Novos da comarca paulista de Botucatu, comparado com as correspondentes palavras em kainguá (pp. 72-76) e um ensaio de conjugação em guarani (pp.77-91). A terceira parte compreende um vocabulário comparativo português-kaingang-guarani (pp.95-114). O apêndice contém uma toponímia kaingang da comarca de Guarapuava (pp.117-118), um conto do tamanduá e da onça em guarani, com tradução interlinear portuguêsa (pp.119-123), um estudo sôbre túmulos indígenas no município do Tibagi (pp.124-127), uma refutação à suposição de H. von Ihering de serem os atuais Kaingang os descendentes dos Guaianá mencionados por Gabriel Soares, refutação essa em que Borba, com argumentos convincentes, demonstra diferirem aquêles completamente dêstes e distinguirem-se os Guaianá de Azara também fundamentalmente dos Kaingang (pp.128-137), acrescentando, ainda, o vocabulário guaianá de D. Domingos Patiño com as correspondentes palavras em kaingang (pp.138-139), "para que se veja a radical diferença que existe entre um e outro idioma." A descrição duma viagem do Jataí ao salto do Guaíra ocupa as páginas 140-165.

Cf. os comentários de Nimuendajú Unkel (Die Sagen von der Erschaffung und Vernichtung der Welt als Grundlagen der Religion der Apapocúva-Guaraní, pp.369 e 373-376).

(p. 137-138)

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